segunda-feira, 29 de junho de 2009

B0LETIM COMUNITÁRIO
ASSOCIAÇÃO ANGOLANA PARA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
EDIÇÃO N.º 8 MARÇO – ABRIL ANO: 2009
A análise da árvore de receitas pelas participantes do Aplica tem sido uma matéria frequente e isso traduz a vontade de ser usada na planificação do dia-á-dia
O Ndandu é financiado pela Íbis – Educação para o desenvolvimento




A 8ª edição do Boletim Ndandu, sai nos meses que em Angola se assinalam importantes datas a favor da mulher e da juventude.

Nos dias 2, 8 e 16 de Março são homenageadas a mulher Angolana, a seguir o dia internacional da mulher e o 16, dia da mulher Africana, enquanto que no dia 14 de Abril se assinala o dia da juventude angolana.

São duas franjas que o Estado Angolano considera de merecerem imensas preocupações, o que esperamos, seja um desafio que tenha princípio e fim.

Actualmente, as mulheres jogam um papel preponderante na família, pois, muitas delas assumem papel de pai e mãe, uma tarefa nada fácil se olharmos pela pressão de vida que a actual conjuntura do país apresenta.

Quanto á Juventude, essa sim, tem de se inserir rapidamente no contexto que segue o país, sendo necessária a sua aplicação na educação e nos outros domínios da vida socio-económico do país. A juventude tem de assumir o protagonismo desta nação e, portanto deve ser ambiciosa no sentido positivo.
Não se trata de uma missão isolada, mas sim com a conjugação de ideias para que tenhamos uma direcção certa e um destino feliz em que todos nos possamos orgulhar.
Por isso, o orgulho é todo nosso e temos de ter o compromisso de nunca desistir mas sim caminharmos com preserverança.

Contamos convosco.
A Redacção.
Ficha técnica

Propriedade: AAEA
Periodicidade: Bi-mensal

Endereço
Rua de Moçambique, casa n.º 152, Zona 1

Sumbe/Kuanza Sul
Angola
SUMÁRIO
-Administradora adjunta do Kicombo incentiva Aplica----3
Análise da coordenação do APLICA no Amboim------------------------------4
Campanha de acção global -------------5 e 6
Agente comunitário da Kibala---------------7
Para reflectir--------8


















Administradora Adjunta do Kicombo incentiva o processo Aplica

O processo Aplica está a ganhar simpatia, desde as autoridades tradicionais até as autoridades administrativas.
Na comuna do Kicombo a realidade é muito mais promissora devido ao envolvimento directo da administradora adjunta da comuna, a senhora Elsa Sara dos Santos Lialunga.
Falando à nossa reportagem, a administradora comunal adjunta revelou que ficou muita satisfeita com a participação das mulheres dos círculos nas eleições legislativas de 5 de Setembro do ano passado.
Elsa Lialunga afirmou que o método Aplica revela-se como transversal porque para além de ensinar a escrita e a leitura, também abre horizonte dos participantes sobre os fenómenos que ocorrem nas suas comunidades.
Fez saber, como exemplo, a diminuição das doenças diarreicas e respiratórias agudas como resultado das discussões dos círculos sobre as matrizes dos cuidados curativos.
“Eu constatei que os círculos do Aplica, aqui no Kicombo, estão muito engajados para o melhoramento do modo de vida das suas comunidades e isso ajuda as autoridades”, disse a administradora adjunta.
A nossa interlocutora solicita maior apoio ás Organizações Não Governamentais que trabalham junto das comunidades, sublinhando que “ tudo o que estão a fazer concorre para a satisfação das necessidades das populações”, concluiu.


ELSA SARA DOS SANTOS LIALUNGA, ADMINISTRADORA ADJUNTA DO KICOMBO.

Esse monumento é visitado constantemente

FORTIM DO KICOMBO EXISTE A 435 ANOS

É isso mesmo. Quando chegamos a comuna do Kicombo a nossa primeira preocupação foi de sabermos o que representava um monumento que só não conhece aquele que nunca chegou á comuna.
A incansável administradora adjunta fez uma excelente explicação que respondeu a nossa curiosidade.
Referiu que o fortim do Kicombo foi implantado á 435 anos pelos portugueses e tinha como objectivo guarnecer os interesses dos colonizadores sobre os invasores que tentavam cobiçar a região.


Coordenador do Aplica no Amboim, Domingos Pinto.
Os coordenadores locais são o elo de ligação e intermédio entre a AAEA e os círculos.
Por isso assumem uma grande responsabilidade por serem os olhos e ouvidos da AAEA, quanto a implementação do APLICA nas comunidades.

A nossa reportagem ouviu dele como decorrem os, tendo respondido, seundo a entrevista que se segue:
NDANDU(ND)- Quantos círculos controla no município do Amboim?

Domingos Pinto (DP)- Controlo 19 círculos, contando também com 19 facilitadores, sendo 17 homens e 2 mulheres. Participam nestes círculos 669 pessoas das quais 467 mulheres e 104 homens.
ND- Em quantos Bairros estão implantados os círculos?

DP- Os círculos estão implantados nos bairros Kianeca, Capanga, Donga, Candele, Wía, Camulo, Gia, Kualunga e Candondo.
Mas devo dizer que outros bairros também solicitam que sejam formados os círculos, mas como não depende de nós, remetemos a preocupação na representação da Associação Angolana para Educação de Adultos (AAEA) para dentro das suas estrtégias encontrarem soluções.

As constantes chuvas que se abatem na região do Amboim têm prejudicado as casas, onde também o Njango do Círculo do Bairro Capanga não foi poupado.


Volvido pouco tempo, os participantes do mesmo círculo decidiram para a sua recuperação e a realidade é o que a foto ilustra. Já reparado, o jango serve para as reuniões dos círculos, para o bem do APLICA

CAMPANHA GLOBAL PELA EDUCAÇÃO, UMA REVOLUÇÃO PARA A INCLUSÃO SOCIAL.

A campanha global pelo direito á educação se realiza na segunda quinzena de Abril de todos os anos constitui o momento de relfexão dos governantes e actores ligados á educação para reflectirem sobre o estado da educação, á luz dos compromissos de Dakar.


De 23 á 27 de Abril, a Rede Educação para todos (EpT) no Kuanza-Sul, liderada pela Associação Angolana para Educação de Adultos desdobra-se em debates, palestras e debates radiofónicos sobre as questões a ver com o direito á educação, consagrado na declaração universal dos Direitos Humanos.
Participantes á palestra sobre o direito á educação.
Debate durante a campanha global no Sumbe
Técnica da AAEA, Isilda Flávia, proferindo uma palestra na escola Feliberto Arteaga no Sumbe.


AAEA COORDENA A REDE EpT, no Kuanza-Sul

Para se atingirem as metas preconizadas na Conferência Mundial de Dakar em 2000, sobre as tarefas prioritárias para o acesso massivo de todas as pessoas nas escolas, é necessário que a sociedade civil assuma a sua parte.

É assim que aos 13 de Junho de 2008, constituiu-se o Núcleo de Educação para Todos (EpT) até 2015 ao nível da Província do Kuanza Sul.

A rede é coordenada pela Associação Angolana para Educação de Adultos (AAEA) e integra os Representantes da ACM, IBIS, ACCDANA, SIMPROF, ASBC e Departamento provincial de Ensino de Adultos.
Consta da agenda da rede a profunda reflexão em torno dos 6 objectivos preconizados na Conferencia Mundial de Dakar, nomeadamente 1) Atenção a primeira infância 2) Acesso 3) Educação para vida dos Jovens e Adultos, 4) Género, 5) Alfabetização e 6) Qualidade,
Os membros da rede estão empenhados na identificação das áreas mais crítica em termos de acesso ao ensino e prontificam-se a trabalhar para que as populações da Província sintam a actuação da Rede.
A rede tem ainda por missão despertar as autoridades governamentais, igrejas, sociedade civil e outros actores da necessidade de maior inclusão das pessoas ao ensino.
O representante da AAEA, no Kuanza-Sul, proferindo uma palestra em torno da semana mundial pela educação.


As acções da campanha global pela educação tiveram mais incidência nas comunidades rurais onde muita gente não tem acesso ao ensino.

AGENTES COMUNITÁRIOS PRECISAM DE FORMAÇÃO CONTÍNUA

Os agentes comunitários constituem a rede de recolha de informações do que se passa nas comunidades.

Têm a responsabilidade de abordarem os participantes do Aplica e não só, sobre os problemas que vivem e quais os caminhos para a sua solução.

Contudo, além da primeira formação não ter sido suficiente para exercerem a actividade com competência, debatem-se com a falta de equipamentos, nomeadamente, máquinas fotográficas e aparelhos de gravação.

Porém, com a caneta e papel, têm sabido dar resposta ás tarefas a si acometidas.

É assim que para sabermos mais sobre as suas dificuldades e êxitos, entrevistamos o agente comunitário dos círculos do município da kibala.

Morais Mateus, fala a seguir da sua experiência nas vestes de agente comunitário:

NDANDU (ND) – Como avalia o seu trabalho, desde que foi formado para agente comunitário?

Morais Mateus (MM) – O trabalho que desenvolvo, há 2 anos desde que fui formado como agente comunitário é regular e tem respondido as tarefas a mim incumbidas.
É, de facto, uma tarefa de muita responsabilidade porque requer muita atenção, sobretudo quando se trata de um assunto polémico.

ND- Que assunto polémico?

MM- Considero assunto polémico aquele que tem a ver com situações de expropriação de coisas colectivas por alguém ou privação de um bem das comunidades e, ali temos de recolher informações das pessoas visadas e a parte em litígio. E isso não é fácil.


Sereno e ciente das suas responsabilidades, Morais Mateus garante que faz o envio regularmente de matérias para sua divulgação no boletim Ndandu.
Agente comunitário, Morais Manuel em entrevista a um participante do Aplica no bairro Lolo, na Kibala


PARA REFLECTIR

S O L I D A R I E D A D E

A palavra solidariedade, composta por apenas 13 letras do alfabeto português, tem um significado mais que as treze letras.

A ausência deste princípio entre nós, atingiu o fim.

Hoje ninguém quer saber de outrem até mesmo quando alguém está necessitado.

O que assistimos nos últimos dias é arrepiante, senão vejamos:

-Alguém está gravemente doente e necessita de apoio financeiro e moral para recuperar e ninguém se prontifica em ajudar.

-Quando surge o óbito dessa mesma pessoa, aparece dinheiro e outros bens para condolências ao defunto.

-Até mesmo há quem apareça com proposta de se comprar uma urna cara para o funeral de forma condigna.

-Outras pessoas transformam o óbito numa festa, porque trazem bebidas alcoólicas que permitem a realização da mesma festa.

-Será que se os apoios fossem antes, quando doente não podíamos salvar essa pessoa?

-Vamos reflectir se é necessário apanharmos injecção afim de praticarmos o princípio de solidariedade.

Esse é, apenas um exemplo das situações que vivemos nas nossas comunidades, o que urge mudar.

Nas sociedades primitivas a vida tinha um sentido comunitário, porque quando alguém caçasse uma pacaça todos tinam um pedaço para saborear.

AFINAL O QUE NOS FALTA, MESMO HAVENDO MUITAS IGREJAS QUE FALAM DE FÉ E AMOR AO PRÓXIMO?